- Adaptado por Russian -
Luiz Moura, quando ainda era menor de idade, foi preso por assaltos a supermercados em Santa Catarina, no Paraná e no interior paulista tendo sido condenado a 12 anos e três meses de reclusão. Após cumprir um ano e meio de pena, numa colônia penal paranaense, escapou da prisão e, após passar dez anos como fugitivo, tornou-se um homem rico e poderoso, antes de entrar na política.
Moura reapresentou-se à Justiça como cidadão limpo e reabilitado. Virou motorista na Transcoooper, a cooperativa de transporte de Itaquera, na zona leste da capital paulista.
Durante a gestão da prefeita Marta Suplicy (2001 a 2005), Luís e seu irmão, o vereador Senival Moura criaram um grupo político para organizar o transporte nas regiões pobres, juntamente com o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto e o deputado estadual Enio Tatto (irmão de Jilmar Tatto).
Em 2003 ele passou de motorista a permissionário (aquele que responde pela permissão da empresa) da Transcoooper.
A ascensão dos irmãos Tatto e dos irmãos Moura durante a gestão da prefeita Marta Suplicy, os tornou num grupo político que dominaria os colégios eleitorais das zonas leste e sul da capital paulista. Em 2005, o deputado assinou uma declaração de pobreza e, em 2010, seu patrimônio declarado era R$ 5,1 milhões.
Moura se lançou como representante dos presos e ex-presidiários do sistema penitenciário. Ele nunca escondeu sua condição, e, apesar da desconfiança e de todos os preconceitos que essa ficha lhe acarreta, isso não o tornou inelegível ou menos parlamentar que os demais.
Em 2012, conforme afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as famílias Moura e Tatto garantiram a eleição de Fernando Haddad. Naquele ano, quando Moura saiu candidato à Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo seu patrimônio não era nada desprezível: já era dono de linhas de ônibus, imóveis, postos de gasolina que, no total, chegam R$ 1,1 milhão, uma cifra defasada por não incluir a evolução patrimonial dos últimos dois anos.
Moura, durante suas explicações, disse que está sendo alvo de "discriminação". (Foto: Divulgação/PT)
Durante uma operação da polícia, Moura foi visto com supostos criminosos e perueiros.
É fato que o sistema de transporte é um dos meios mais fáceis de se lavar dinheiro do crime, assim como postos de combustíveis, ambos legalizam a receita obtida por meios escusos dando o poder a criminosos.
Ora, perueiros fazem o transporte de muitas cidades médias e grandes de todo o Brasil. Inclusive, complementam o transporte nas periferias, justamente naqueles territórios obscuros onde nem a polícia se atreve a circular. Por isso, esses perueiros são submetidos ao poder dos criminosos que atuam na tranquilidade da impunidade. Esses representantes do crime organizado atuam na sociedade, ocupando espaços onde falta a presença do Estado.
No dia 7 de março, de acordo com informações da Polícia Civil, durante uma operação que investigava a série de queima de ônibus, Moura foi encontrado com perueiros e supostos criminosos. O parlamentar participava de uma reunião com de cerca de 40 integrantes da cooperativa de transportes Transcooper, onde a polícia identificou e prendeu uma dezena de suspeitos de integrarem o PCC.
O deputado alegou que estava presente na condição de ex-diretor da cooperativa, negociando o reajuste salarial dos funcionários. Durante suas explicações em plenário, Moura disse que está sendo alvo de "inverdades" e "discriminação".
Um problema mais grave
A revelação de que representantes do PCC teriam participado da reunião do deputado com exploradores dos serviços de peruas na região metropolitana de São Paulo mostra um problema ainda mais grave, pois seria um indício de que a quadrilha estaria infiltrada no sistema de transporte público para lavar dinheiro de atividades ilegais.
Ao investir na suspeita de que o deputado petista está envolvido com a facção criminosa, a sociedade deve se preparar para encarar um dos problemas mais graves do País.
fontes (para ler mais):
Luciano Martins Costa - "Metendo a mão em cumbuca" - Observatório da Imprensa
Estadão Conteúdo - "Petista vai falar a conselho sobre reunião com PCC"
Vasconcelo Quadros - "De ladrão a deputado: conheça a trajetória de Luiz Moura"
